Ao abordarmos a temática da formação no
quadro do desenvolvimento profissional dos
profissionais de saúde oral, o capital humano
é, sem dúvida, o ponto fulcral.
Artigo de opinião publicado na revista www.labpro.pt, por Tiago Santos.
Ao abordarmos a temática da formação no quadro do desenvolvimento profissional dos profissionais de saúde oral, o capital humano é, sem dúvida, o ponto fulcral. Nos dias que correm, o nível de especialização revela-se tendencialmente elevado e o progresso dos conhecimentos e das técnicas é muito rápido. Daqui aufere-se que estes factores intervêm na qualidade dos serviços prestados, tendo em conta que dependem, de forma directa, da formação dos profissionais. Esta premissa impele as instituições a reconhecer, cada vez mais, a importância da formação para o desenvolvimento organizacional e dos seus colaboradores. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o desempenho de um sistema de saúde depende, em última análise, dos conhecimentos, das competências e da motivação das pessoas responsáveis pela prestação dos cuidados de saúde1. Assistimos quotidianamente a evidentes alterações nas exigências colocadas aos profissionais. A busca contínua da inovação tem levado, de forma inevitável, a que todos os profissionais da saúde oral se ajustem permanente, rápida e adequadamente a novas situações, respondendo assim aos reptos que lhes são lançados pelo meio envolvente. A actualização, a reconversão das competências e conhecimentos inicialmente adquiridos, assim como a aprendizagem ao longo da vida tornam-se então em imperativos. O desenvolvimento de competências destes profissionais passa também pela adaptação às tecnologias de informação e comunicação, para que usufruam ao máximo da utilização de todos os meios tecnológicos disponíveis nos respectivos serviços de saúde. A tecnologia foi incorporada como uma peça fundamental da profissionalização, que é preciso conhecer, dominar, manusear e desenvolver. Exige-se a utilização de um saber específico, o constante aperfeiçoamento, para estar a par da velocidade de lançamento das novas tecnologias. O sentido crítico em relação à própria tecnologia é igualmente desenvolvido, no sentido de a empregar de forma responsável e racional. No entanto, entende-se cada vez mais, que a incorporação tecnológica, só por si, não melhora o quadro de saúde da população. Ele está directamente relacionado com a presença de profissionais bem formados e adequados às realidades locais e regionais. O perfil do novo trabalhador deve incluir atributos como uma sólida formação técnico-científica e humanística, uma postura ética e de responsabilidade social, uma visão crítica, global e actualizada do mundo, uma consciência da importância da formação contínua e da sua responsabilidade para com o meio ambiente.
A todas estas características adicionam-se ainda a pró-actividade, a criatividade, a liderança, o espírito empreendedor, a autonomia intelectual e a aptidão para trabalhar em equipa. As mudanças no perfil epidemiológico das doenças, as novas práticas baseadas em evidências científicas e a promoção da saúde exigem a formação de um profissional generalista, tecnicamente competente e com sensibilidade social. Neste contexto, a valorização da excelência técnica está aliada à relevância social das acções de saúde e do próprio ensino. A evolução tecnológica traz consigo novos desafios a nível educacional. Passa a considerar-se, para o uso efectivo das novas tecnologias, um ambiente de suporte construtivo, fomentando-se a arte de pensar, cooperar e trocar ideias, para além de consolidar a sociedade digital em que vivemos, uma vez que desenvolve competências básicas em tecnologias de informação. Actualmente os centros clínicos públicos e privados, entre outras unidades de saúde, já possuem estruturas formativas/centros de formação com recursos humanos e materiais próprios, com o intuito de promover a eficiência, a mudança, a criatividade e a inovação dos serviços. Estes centros procuram igualmente assegurar a formação contínua do pessoal, num incentivo à investigação. Contribuem, desta maneira, para a realização dos objectivos das instituições, com qualidade.3 Esta forma de ensino, muitas vezes oferecida dentro da própria instituição, traz consigo um outro benefício de carácter essencial. Relaciona-se com o desenvolvimento do profissional na sua vertente social e organizacional, resultando numa melhor humanização dos serviços e, por consequência, numa melhor assistência prestada. A formação do profissional ao longo da vida, tem um papel preponderante, pois permite colmatar carências e dificuldades práticas educativas, assim como problemas que condicionam a rentabilização do tempo de trabalho.4 Esta permite, igualmente, responder às transformações nos relacionamentos entre classes profissionais que coabitam nos serviços de saúde, assim como, nas práticas sociais, económicas e culturais dos utentes. Como noutras áreas, também na saúde a aprendizagem ao longo da vida, constitui uma oportunidade para, no plano conceptual, repensar as formas de relacionamento estabelecidas entre educação, escola e sociedade (…).5
Referências bibliográficas
1 OMS, Citado por LAMOTHE, Lisa, DUSSAULT Gilles e NOUHOU Mamadou. Disponível em http://www.colufras.umontreal.ca/pt/htm/ documents/Formacaoeimportanciadocapitalhumano.pdf. Consultado em 23 de Novembro de 2007.
2 SILVA, Onildo. A influência do uso do computador para a aprendizagem no ensino superior: a experiência do LAGEO/UEFS Disponível em http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/10052.pdf. Consultado em 23 de Novembro de 2007
3 Para mais informações consultar http:// www.hsm.minsaude. pt/contents/pdfs/Divulgacao/centro_formacao.pdf. Consultado em 23 de Novembro de 2007
4 Para mais informações consultar: Estudo da Avaliação da Formação Contínua dos Activos da Saúde. Gabinete de Gestão do Saúde XXI. Disponível em http://www.acs.minsaude. pt/NR/rdonlyres/5E4EDA97-BD8E-4379-83DFE66C52D29E29/6158/estudo_saudexxi_1.pdf. Consultado em 24 de Novembro de 2007
5 Roldão, M.C. (1996). Educação Básica e Aprendizagem ao Longo da Vida. [Comunicação apresentada na Conferência “O Papel da Orientação para a Educação e Formação ao Longo da Vida”. Porto. DEB/IIE/ DES, CENOR. 23-36.] Citado por COIMBRA, Joaquim, COIMBRA, Luís, PARADA, Filomena e IMAGINÁRIO, Luís. Disponível em http://www.dgefp.msst.gov.pt/doc_emprego/ cadernos33.pdf. Consultado em 25 de Novembro de 2007